"PORQUE EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE"


sábado, 30 de julho de 2011

Amigos


Todos nós temos pelo menos um amigo, digo eu…
Mas não devemos confundir com aquele uso dilatado da palavra que, por falta de outro termo que o defina, nos leva a dar a mesma
terminologia a todas as pessoas com quem nos relacionamos.

Não! Amigo, é amigo, é um sentimento especial.

Salomão disse uma coisa linda:
"Em todo o tempo ama o amigo e na angústia se faz o irmão." Provérbios 17: 17

Isso mesmo, esta é uma profunda e sábia definição da amizade.

Na Palavra de Deus encontramos diversos exemplos de amizades especiais, tais como: David e Jônatas; Rute e Noemi; Josué e Calebe; Elias e Eliseu; Daniel, Ananais, Misael e Azarias; Paulo, Priscila e Áquila; Filipe e Natanael; Jesus e João.
E, depois, temos a excelência da amizade entre Deus e Abraão e, também, entre Deus e Moisés.

Amigos!

Lembrar ou reencontrar amigos permite-me sempre ter momentos mágicos.
Há teóricos que dizem que a amizade deve dar tudo e não olhar ao que recebe, mas eu quero dar e receber e que nesta troca haja merecimento e reconhecimento. Quero sentir prazer na partilha.

Claro que as vicissitudes da vida se encarregam de nos afastar no espaço, mas para a amizade não há tempo nem distância; talvez por isso, tenho amigos que duram há mais de 50 anos. São pessoas com quem tenho história, de quem sinto saudades e de quem gosto de gostar!
Quem me dera poder ver a cada um mais vezes e conversar muito, rir, emocionar-me e não ter pressa. Quando acontece é uma alegria imensa; quando não, fico pela vontade.

Em homenagem a todos os amigos que estão selados no meu coração, vou referir-me a uma amizade que, se pensada, consideraria improvável…, mas aconteceu!

Improvável, porque a Viviana era um tantinho mais velha que eu e porque só a via quando ela ia de visita à igreja onde o então noivo (Pr. Jorge Leal) ministrava, mas a verdade é que nasceu entre nós (incluíndo o pastor) uma amizade que já leva 46 anos e confesso, a empatia foi muito rápida e a relação favorecida pelo facto de terem casado pouco tempo depois e ficado a viver perto da igreja e da minha casa.

Depois, quando ela ficou grávida, a partilha foi imensa. Eu vivi meses de uma inexprimível felicidade. Caramba, como aquele bebé foi desejado e amado!
E não é que me convidaram para madrinha?

Até hoje sinto essa vaidade. Eu era uma miúda, ainda estudava, não tinha nada para dar… só amor.
A cada dia o laço da nossa afeição era maior. E, enquanto cuidávamos do menino, ficávamos horas a conversar, por vezes com lágrimas e muitas a rir (nós riamos muito), à mistura com chá e torradas.

Mas, passados alguns anos, veio o tal afastamento que a vida nos impõe e... fomos estando por aí, preservando o bom sabor da amizade, com a sensação de que amanhã ou depois nos vamos ver outra vez, mesmo que passem não sei quantos anos.




A Viviana continua a ser especial para mim, porque há amizades que se tornam verdadeiros casos de irmãos.





E agora, estou com uma lágrima no canto do olho, vou terminar com palavras do Mestre da amizade:

“O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que
Eu vos mando.” – João 15: 12-14

domingo, 24 de julho de 2011

Fechado para Férias

Apesar das condições sazonais não estarem de feição e de muito se falar na crise, a verdade é que, para a maior parte dos portugueses, chegaram as férias. Afinal de contas, é um tempo merecido (ou não), retemperador e uma bênção de Deus que instituiu o descanso.

E então?

Há coisas de que só abdico se forem muito bem explicadas e convincentes; e, sim, fico profundamente triste com certos argumentos e decisões, indigno-me e não me silencio.

É que, a vida da igreja local, quando não é alimentada nos seus reais objectivos, pode tornar-se um meio de subsistência para alguém, um enaltecer do ego para alguns, ou, ainda, o saciar do cumprimento religioso de outros, mas não dignifica o nosso carácter de filhos do Altíssimo.

A presunção de líderes que fazem do ministério um emprego livre e não um sacerdócio e a displicência com que tomam decisões unilateralmente, o silencioso “consentimento” da membresia, só pode ter como resultado: falta de crescimento da igreja, crentes despojados e descrentes estimulados à dúvida e à crítica.

A igreja tem de ser um corpo vivo e actuante, não pode tirar férias. O crente pode ausentar-se por alguns dias, mas tem que programar esse período de forma a deixar alguém no seu lugar, para que as actividades não parem. Os diferentes departamentos devem planear actividades de acordo com as disponibilidades. O líder não pode descurar a missão a que foi chamado e sair sempre que há fins-de-semana prolongados, nem fazer férias de Natal, Carnaval, Páscoa e Verão, como se não tenha obrigações; não deve entregar o púlpito a qualquer um, não pode reduzir o trabalho da igreja a um culto semanal quando lhe convém.

A igreja é formada por pessoas que necessitam de comunhão e cuidados espirituais.
- Que faria aos seus utentes um hospital que fechasse para férias?
- Não será normal uma igreja estar operante para receber crentes de outras comunidades que queiram cultuar na sua zona de férias?
- Todos os membros têm poder financeiro para fazer férias fora de casa e portanto não ficarem dependentes da sua igreja para congregar?
- Mesmo que a assistência baixe um pouco, o versículo de Mat. 18:20 “Onde estiverem dois ou três, reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles” não é válido dentro da igreja?
- E, se Deus fechasse para férias?

Por este andar, quem sabe se, depois dos serviços mínimos, um dia não se cancelam mesmo todos os cultos e ao chegar à igreja nos deparemos com um dístico:
Eu por mim quero uma igreja aberta e continuo a dizer:
“Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor!” Salmo 122: 1

sábado, 16 de julho de 2011

Grandioso és Tu!


“Os céus declaram a glória de Deus e
o firmamento anuncia a obra das suas mãos.”
Salmo 19: 1

sábado, 9 de julho de 2011

O Burlão que Procurou Deus


Em 1955, no dia 9 de Julho, morreu de enfarte do miocárdio, aquele que foi o maior burlão da história portuguesa, Artur Virgílio Alves dos Reis, homem de invulgar inteligência, nascido numa família de parcos recursos.
O seu nome ficou conhecido e para sempre ligado à história portuguesa devido à falsificação de duzentas mil notas de 500$00 do Banco de Portugal, mas isso foi só uma parcela da série de esquemas fraudulentos que perpetrou e lhe deram uma vida faustosa.


O que me leva a falar de Alves dos Reis, não é a vida devassa, engenhosa e criminosa que teve, mas o que poucos sabem e tem a ver com o amor misericordioso de Deus.

“Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro.”
Isaías 43: 25

Preso a 6 de Dezembro de 1925, enquanto aguardava julgamento, Alves dos Reis começou a estudar a Bíblia, em busca de auxílio para se redimir dos males que tinha feito.
Em Maio de 1930, foi julgado e fez a confissão de todos os crimes de que estava acusado, sendo condenado a 8 anos de prisão e 12 de degredo.
Depois, enquanto cumpria a pena, dedicou-se à escrita do livro “O Segredo da Minha Confissão”, no qual reafirmou o que dissera em tribunal, tanto na revelação da culpa, como na defesa de todos os que envolvera como cúmplices nas fraudes por si arquitectadas.

O 1º volume foi publicado em 1931, com enfoque nos versículos:

“Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus.” – João 8: 46-47
“Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?” – Mateus 7: 16

e o 2º volume em 1932, que abria com a citação:

“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam, mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” – Mateus 6: 19-21

Na Penitenciária de Lisboa, veio a conhecer José Ilídio Freire (ancião da Igreja Evangélica das Amoreiras) que ali se deslocava para pregar o Evangelho e dar assistência espiritual aos reclusos. E, foi com ele que Alves dos Reis aprofundou a Palavra de Deus e se converteu ao protestantismo.

Saiu em liberdade a 5 de Maio de 1945.

Passou então a frequentar a Ig. das Amoreiras, tendo chegado a apresentar mensagens. Mas teve de enfrentar uma vida de dificuldades e sem reintegração na sociedade, curiosamente, não pelo seu passado, mas pela sua fé evangélica que o regime de Salazar deplorava.
Os três filhos: Guilherme Joaquim, José Luís e Luís Filipe, sofreram de graves problemas de saúde (doença degenerativa e paralisante), sendo que um morreu ainda jovem.
Alves dos Reis morreu pobre, mas deixou um legado de fé aos filhos que se converteram e vieram a frequentar a III Igreja Evangélica Baptista de Lisboa (um, transportado num “tabuleiro” e o outro que, deslocando-se com duas bengalas, permanecia de pé encostado a uma coluna propositadamente almofadada para ele). Esse, o Guilherme, teve três filhos que também educou no Caminho de Deus.

Isto prova que, não interessa qual é o estado moral ou físico da pessoa, para Deus não há impossíveis.

“Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” – Mateus 9: 13


(03.09.1898 - 09.07.1955)


sábado, 2 de julho de 2011

Bodas de Ouro


ANTÓNIO DOS SANTOS

78 Anos
Casado durante 52 anos com a irmã Natália Santos (já falecida)
Pai, avô e bisavô

Mas, acima de tudo, obreiro na seara do Mestre.



Faz hoje 50 anos de ministério ao serviço da Terceira Igreja Evangélica Baptista de Lisboa.

Este bonito aniversário, que vale ouro, leva-me a homenagear o Pastor, lembrando a dedicação que sempre teve ao evangelho, ao pastorado e à igreja local.
Ao pensar neste longo percurso de que eu sou testemunha de muitos, muitos anos, lembrei-me de dois episódios do Velho Testamento que nos falam do empenho e perseverança de dois velhos homens de Deus (Moisés e Abraão). Foi assim:

“Fez Josué como Moisés lhe dissera, e pelejou contra Amaleque; Moisés, porém,
Arão e Hur subiram ao cume do outeiro.
Quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava a mão, prevalecia Amaleque. Ora as mãos de Moisés eram pesadas, por isso tomaram uma pedra e a puseram por baixo dele, e ele nela se assentou; Arão e Hur sustentavam-lhe as mãos, um de um lado e o outro do outro; assim lhe ficaram as mãos firmes até ao pôr-do-sol.
E Josué desbaratou a Amaleque e a seu povo,
ao fio da espada.” – Êxodo 17: 10-13

Isto é muito lindo!
Emociono-me sempre com esta passagem. O líder que mantêm a visão do ministério, por isso ora e abençoa o povo de Deus.
E quando o cansaço, o desânimo, ou a idade, parecem ser inimigos; é altura de se levantarem os Arão e os Hur para sustentar, auxiliar e animar os homens de Deus a manter o sacerdócio.

“Apareceu o Senhor a Abraão nos carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda,
no maior calor do dia. Levantou ele os olhos, olhou, e eis três homens de pé em frente dele. Vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro e prostrou-se em terra e disse: Senhor meu, se acho mercê em tua presença, rogo-te que não passes do teu servo.
Traga-se um pouco de água, lavai os vossos pés e repousai debaixo desta árvore; trarei um bocado de pão, refazei as vossas forças visto que chegastes até vosso servo, depois seguireis avante. Responderam: faze como disseste.
Apressou-se, pois, Abraão para a tenda de Sara, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor de farinha e faze pão assado ao borralho. Abraão, por sua vez, correu ao gado, tomou um novilho, tenro e bom, e deu-o ao criado, que se apressou em prepará-lo. Tomou também coalha de leite, e o novilho que tinha mandado preparar, e pôs tudo diante deles; e permaneceu de pé junto a eles debaixo da árvore; e eles comeram.” – Génesis 18: 1-8

Caramba, que cena admirável!
Mais um momento lindo, que me deslumbra. O homem de posses, idoso e honrado, disposto a acolher e a cuidar dos outros pessoalmente.
É ainda mais impressionante o exemplo desse homem, quando constatamos a desenvoltura com que recebeu e serviu, sendo a hora de maior calor, em que era normal estar a descansar.

Bem-haja Pastor Santos, eu vi isto…, que Deus grandemente o abençoe e obrigada pela sua dedicação!

Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém. – Romanos 11: 36